quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Estratótipos e ciclicidade estratigráfica


Estratótipos são unidades estratigráficas (litostratigráficas, andares, limites estratigráficos, etc) padronizáveis a nível internacional, ou seja, são sucessões de camadas rochosas sedimentares que melhor representam um determinado intervalo temporal da história geológica da Terra.

Os estratótipos caracterizam-se pela ausência de hiatos ou descontinuidades, pela boa exposição da base ao topo da unidade, deve mostrar variações laterais de fácies, e têm que descrever geológica e geográficamente a zona, bem como identificar os limites ou localidades tipo.

Por convenção, existe apenas um local no mundo para cada andar que representa a sua maior expressão, sendo que, para o andar Bajociano (entre 176 e 169 milhões de anos), esse local é o
Cabo Mondego, na Serra da Boa Viagem, Figueira da Foz. Estabelecido em 1996, pela União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS), como o estratótipo (GSSP-Global Boundary Stratotype Section and Point) do Bajociano, o primeiro GSSP do Jurássico.
Existem vários tipos de estratótipos, entre eles:
  • Holostratótipo - estratótipo original;
  • Parastrótipo - estratótipo suplementar, utilizado para complementar o holostratótipo (indicado pelo autor);
  • Lectostratótipo - estratótipo suplementar, seleccionado mais tarde na ausência de um estratótipo original bem designado;
  • Neostratótipo - estratótipo novo, substitui um antigo desaparecido ou rejeitado;
  • Hipostratótipo - estratótipo suplementar, completa o conhecimento de dada unidade ou de um limite noutras áreas geográficas ou com fácies diferentes de holostratótipo.


Insuficiências dos Estratótipos:
  1. caracterizam intervalos de tempo bruscos;
  2. conjunto demasiado restricto de organismos;
  3. apenas representam determinados fácies;
  4. apenas representa determinada provincia paleobiogeográfica;
  5. dificuldade de controlo da existência de sobreposições ou hiatos em estratótipos compostos.

Por vezes a estratificação organiza-se segundo ciclos, a chamada ciclicidade. Pode ser visivel ao nível da laminação (até 1cm), do estrato (entre 1cm a 5m) ou do afloramento (entre 5m a 50m). A ciclicidade pode ser em forma de ciclo ou ritmo, consoante o número das camadas repetidas.
  • Ciclo (repetição de três camadas)
  • Ritmo (repetição de duas camadas)
A ciclicidade pode se também classificar segundo a espessura e o tempo.

Em relação à sua espessura:
  • Ciclicidade de 1ºgrau - Lâminas
  • Ciclicidade de 2ºgrau - Estrato
  • Ciclicidade de 3ºgrau - Afloramento
  • Ciclicidade de 4ºgrau - Correlação de afloramentos

Em relação ao tempo:
  • 1ª ordem - mais de 50Ma
  • 2ª ordem - 50-3Ma
  • 3ª ordem - 3-0,5Ma
  • 4ª ordem - 500ma-100ma
  • 5ª ordem - 100-20ma
  • 6ª ordem - menos de 20ma


Referência:
- HENRIQUE, M.H.; ROCHA, R.C.; DUARTE, L.V.
- As TIC e o património geológico: O Jurássico do Cabo Mondego; http://www.nonio.uminho.pt/challenges/actchal01/057-M%20Henriques%20547-558.pdf

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