sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Fácies

Fácies designa-se como o aspecto (face) geral da rocha, caracterizando um tipo ou grupo de rocha em estudo. Os elementos que caracterizam as fácies são: litológicos, como a petrografia, a estrutura, ou a composição química; ou paleontológicos, como é exemplo os fósseis de fácies (ambiente) e os fósseis estratigráficos (idade).

Exemplos de
tipos de fácies...
  • Litofácies
  • Biofácies
  • Microfácies
  • Fácies mineralógica
  • Fácies marinha
  • Fácies vulcânica
  • Fácies sismica
  • Fácies boreias
  • etc...
...que se podem agrupar em três grupos (Classificação de Weller-1960)
  • Tipo I - Fácies petrográficas (baseia-se no aspecto/composição petrográfica)
  • Tipo II - Fácies estratigráficas (com base na sua litologia)
  • Tipo III - Fácies ambientais (definidas com base no ambiente de génese)
A correlação entre as fácies rege-se segundo a Lei de Walther, que enuncia que as fácies que ocorrem em sucessões verticais, reflectem ambientes laterais adjacentes.



Referência:
- ALVARENGA, C.J.S -
http://www.unb.br/ig/glossario/verbete/lei_de_Walther.htm

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Estratótipos e ciclicidade estratigráfica


Estratótipos são unidades estratigráficas (litostratigráficas, andares, limites estratigráficos, etc) padronizáveis a nível internacional, ou seja, são sucessões de camadas rochosas sedimentares que melhor representam um determinado intervalo temporal da história geológica da Terra.

Os estratótipos caracterizam-se pela ausência de hiatos ou descontinuidades, pela boa exposição da base ao topo da unidade, deve mostrar variações laterais de fácies, e têm que descrever geológica e geográficamente a zona, bem como identificar os limites ou localidades tipo.

Por convenção, existe apenas um local no mundo para cada andar que representa a sua maior expressão, sendo que, para o andar Bajociano (entre 176 e 169 milhões de anos), esse local é o
Cabo Mondego, na Serra da Boa Viagem, Figueira da Foz. Estabelecido em 1996, pela União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS), como o estratótipo (GSSP-Global Boundary Stratotype Section and Point) do Bajociano, o primeiro GSSP do Jurássico.
Existem vários tipos de estratótipos, entre eles:
  • Holostratótipo - estratótipo original;
  • Parastrótipo - estratótipo suplementar, utilizado para complementar o holostratótipo (indicado pelo autor);
  • Lectostratótipo - estratótipo suplementar, seleccionado mais tarde na ausência de um estratótipo original bem designado;
  • Neostratótipo - estratótipo novo, substitui um antigo desaparecido ou rejeitado;
  • Hipostratótipo - estratótipo suplementar, completa o conhecimento de dada unidade ou de um limite noutras áreas geográficas ou com fácies diferentes de holostratótipo.


Insuficiências dos Estratótipos:
  1. caracterizam intervalos de tempo bruscos;
  2. conjunto demasiado restricto de organismos;
  3. apenas representam determinados fácies;
  4. apenas representa determinada provincia paleobiogeográfica;
  5. dificuldade de controlo da existência de sobreposições ou hiatos em estratótipos compostos.

Por vezes a estratificação organiza-se segundo ciclos, a chamada ciclicidade. Pode ser visivel ao nível da laminação (até 1cm), do estrato (entre 1cm a 5m) ou do afloramento (entre 5m a 50m). A ciclicidade pode ser em forma de ciclo ou ritmo, consoante o número das camadas repetidas.
  • Ciclo (repetição de três camadas)
  • Ritmo (repetição de duas camadas)
A ciclicidade pode se também classificar segundo a espessura e o tempo.

Em relação à sua espessura:
  • Ciclicidade de 1ºgrau - Lâminas
  • Ciclicidade de 2ºgrau - Estrato
  • Ciclicidade de 3ºgrau - Afloramento
  • Ciclicidade de 4ºgrau - Correlação de afloramentos

Em relação ao tempo:
  • 1ª ordem - mais de 50Ma
  • 2ª ordem - 50-3Ma
  • 3ª ordem - 3-0,5Ma
  • 4ª ordem - 500ma-100ma
  • 5ª ordem - 100-20ma
  • 6ª ordem - menos de 20ma


Referência:
- HENRIQUE, M.H.; ROCHA, R.C.; DUARTE, L.V.
- As TIC e o património geológico: O Jurássico do Cabo Mondego; http://www.nonio.uminho.pt/challenges/actchal01/057-M%20Henriques%20547-558.pdf

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Hierarquia Geológica

A geologia é caracterizada hierarquicamente por unidades geológicas agrupadas com base nas características litológicas, físico-químicas ou cronológicas.A essas unidades geológicas dá-se o nome de unidades estratigráficas.
Existem vários tipos de unidades estratigráficas:
  • Litostratigráficas - conjunto de rochas com a mesmas características líticas, abstraindo o tempo. A unidade litostratigráfica máxima é o grupo, que é composto por várias formações (unidade fundamental), que se divide em membros, e que tem como unidade básica a camada (varia de centímetros a metros).
  • Litodémicas - definem-se por características distintas de rochas associadas (intrusões magmáticas ou deformações tectónicas),e não seguindo as regras fundamentais da estratigrafia, pode ser delimitada estrigráficamente. A unidade fundamental é o litodema, e a unidade máxima é o conjunto.
  • Alostratigráficas - formado por alogrupos, compostos por aloformações, e dividido em alomembros, tem como definição o estudo das unidades compreendidas entre superfícies de descontinuidade e que permitem o seu mapeamento geológico.
  • Pedostratigráfica - agrupada em geossolos
  • Magnetostratigráfias - aplica-se a correlação entre as unidades, tendo em conta, o comportamento magnético aquando da formação das rochas. Agrupa-se em magneto zonas.
  • Cronostratigráficas - unidade que tem como referência a escala de tempo geológico, e que assim agrupa cronológicamente as camadas. É dividida em eonotema, que por sua vez, se divide em eratemas, agrupando vários sistemas, compostos por séries e que tem como unidade básica, o andar.
  • Geocronológicas - definem-se unidades tendo como em conta a sua idade, relativa e absoluta. As suas divisões correlacionam-se com as das unidades cronostratigráficas.
Eonotema - Eon
Eratema - Era
Sistema - Período
Série - Época
Andar - Idade
  • Biostratigráficas - baseia-se no registo de fosseis (ou outras formas de vida) preservados nas rochas, correlacionando essas camadas em que se inserem essas rochas. A essas camadas características desse registo biológico, dá-se o nome de biozona. Existem vários tipos de biozonas, como a cenozona, biozona de extensão vertical, acme ou apogeu e a biozona de intervalo.
Referência:
- Instituto de Geociências da Universidade de BrasÍlia; http://www.unb.br/ig/glossario
- Terra Planeta "Vivo" - Tempo Geológico
; http://domingos.home.sapo.pt/temp_geol_1.html
- Wikipedia, http://pt.wikipedia.org/wiki/Geocronologia

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Continuidade Estratigráfica

As sequências estratigráficas são compostas por camadas, ou lâminas, e pelas suas respectivas superfícies de estratificação.
A camada é o aglomerado sedimentar com geometria tabular e individualizável das camadas imediatamente acima e abaixo, através das suas características (cor, composição, textura ou conteúdo fossilífero). A sua espessura é superior a 1 cm.
  • entre 1cm e 10cm - camada fina
  • entre 10cm e 30cm - camada média
  • entre 30cm e 1m - camada espessa
  • mais de 1m - camada muito espessa
Se a espessura dessas camadas for inferior a 1cm,então passa a designar-se lâmina.
  • menos de 0,1cm - lâmina muito fina
  • entre 0,1cm e 0,5cm - lâmina fina
  • entre 0,5cm e 1cm - lâmina espessa
Lima, Perú

E essas camadas que compõem a sucessão litológica, asseguram
a continuidade da história geológica?


As descontinuidades na geologia existem sempre, apenas varia é a grandeza e a regularidade com que ocorre.As descontinuidades podem ocorrer tanto no interior da Terra, como nas camadas à sua superfície.
As descontinuidades relativas ao interior da Terra são:
  • Descontinuidade de Conrad - designa o contacto brusco entre a crosta continental inferior e a superior (15 a 20km de profundidade), separando as rochas félsicas (ex: granito) da crosta superior das rochas máficas (ex: basalto) da crosta inferior, e onde se dá um aumento descontinuo das ondas sísmicas;
  • Descontinuidade de Moho - é o limite entre a crosta e o manto (entre 5 a 10km no fundo oceânico e entre 35 a 40km nos continentes, de profundidade) e as ondas sísmicas aumentam bruscamente devido à rigidez do manto ser maior;
  • Descontinuidade de Gutenberg - fronteira entre o manto inferior e o núcleo externo (cerca de 2883km de profundidade), onde se deixam de propagar as ondas S e as ondas P diminuem drásticamente, devido ao núcleo externo ser líquido;
  • Descontinuidade de Lehmann - separa o núcleo externo(líquido) do interno (sólido), aumentando novamente as ondas S e P.

Mas também podem ser descontinuidades em relação ás unidades exteriores da Terra, do tipo sedimentar, estratigráfico ou diastrófico.
  • Descontinuidade sedimentar - ocorre num intervalo de tempo muito curto entre duas lâminas sucessivas, e pode corresponder a simples ausência de deposição ou destruição da lâmina inferior;
  • Descontinuidade estratigráfica - ocorre num intervalo de tempo considerável entre duas camadas, por vezes, esta lacuna alarga-se por dezenas de quilómetros;
Paraconformidade
  • Descontinuidade diastrófica - ocorre quando há a ausência de uma camada e uma deformação tectónica.
Discordância angular


Quando não há estes casos de descontinuidade geológica, reina a continuidade imposta pelos princípios fundamentais da estratigrafia. Esses princípios são:
  • Princípio da sobreposição dos estratos - nas sequências estratigráficas, a camada que se encontra mais acima é mais recente que a inferior,sucessivamente. Só é válido para rochas com acumulação vertical;
Excepções:
- Terraços fluviais
- Soleiras
- Depósitos subterrâneos
- Séries sedimentares deformadas e invertidas, definindo a polaridade sabe-se a idade relativa das camadas
- Grutas, sedimentos depositados são mais recentes que as camadas do tecto
  • Princípio da continuidade lateral - afirma que a deposição se faz horizontalmente, e a idade é a mesma ao longo da camada. É importante para correlacionar os estratos que se encontram em zonas urbanizadas, devido à sua extensão poder ser tanto local como regional;
  • Princípio da identidade Paleontológica - as camadas com o mesmo tipo de fosseis, fosseis característicos, têm a mesma idade. Os fosseis têm de ser de identificação simples, ocorrência frequente, vasta repartição geográfica e de rápida evolução, para serem apelidados de fosseis estratigráficos. Exemplo: Amonites;
  • Princípio da Intersecção - toda a camada que é intersectada, é mais antiga que o corpo que a intersecta. Exemplo: Falha, filão, etc...;
  • Princípio da Inclusão - qualquer fragmento de rocha A que esteja incluído noutra B, é mais antigo que a rocha B. Exemplo: Conglomerados e brachas;


Referência:
- Moodle:
_Descontinuides sedimentares e contactos entre unidades litológicas:
http://moodle.fct.unl.pt/mod/resource/view.php?id=93673
_Princípios fundamentais da Estratigrafia:
http://moodle.fct.unl.pt/mod/resource/view.php?id=93674
- Wikipedia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Descontinuidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Descontinuidade_de_Conrad
http://pt.wikipedia.org/wiki/Descontinuidade_de_Mohorovi%C4%8Di%C4%87
http://pt.wikipedia.org/wiki/Descontinuidade_de_Gutenberg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Descontinuidade_de_Lehmann
http://pt.wikipedia.org/wiki/Geologia#Importantes_princ.C3.ADpios_da_geologia